Você já reparou como sempre há uma xícara de café na mesa de quem precisa trabalhar ou estudar por longas horas? De executivos a universitários, muita gente recorre ao café como companhia para dias de alta demanda intelectual. Mas será que esse hábito é realmente eficaz para melhorar o foco, ou trata-se apenas de um mito popular? Vamos explorar o que a ciência tem a dizer sobre o assunto – e também apresentar alternativas interessantes, como o chá, para quem busca concentração e energia de forma sustentável.

Cafeína: o segredo por trás do “pique”

O principal responsável pelo efeito estimulante do café é a cafeína, um dos psicoestimulantes mais consumidos no mundo. Mas como exatamente ela atua no cérebro? Quando você toma café, a cafeína pode ser absorvida em poucos minutos pelo organismo, atravessando a barreira hematoencefálica e interagindo diretamente com os receptores de adenosina.

A adenosina é um neurotransmissor natural do corpo que contribui para a sensação de cansaço e sonolência ao longo do dia. Conforme passamos horas acordados, os níveis de adenosina aumentam, indicando ao cérebro que é hora de descansar. A cafeína, por sua vez, é capaz de se ligar aos mesmos receptores da adenosina, bloqueando sua ação. O resultado é que, mesmo com o corpo acumulando sinais naturais de fadiga, a sensação percebida é de alerta, atenção e foco.

Essa propriedade faz com que o café – e também o chá, energéticos e refrigerantes cafeinados – sejam usados para aumentar o desempenho intelectual, adiar o sono e até melhorar performance atlética em certos contextos.

Nem tudo são flores: os efeitos colaterais da cafeína

Apesar dos benefícios, o consumo de cafeína também tem seu outro lado. Para algumas pessoas, especialmente as mais sensíveis ou quando o consumo é exagerado, os efeitos incluem ansiedade, nervosismo, taquicardia, tremores, desconforto gástrico e até insônia.

Outro efeito bastante notável é a famosa “queda” pós-cafeína. Quando o efeito passa, o acúmulo de adenosina que estava bloqueado encontra todos os receptores livres ao mesmo tempo, causando aquela sensação repentina de cansaço extremo – o famigerado “crash”. Se aliado a uma noite mal dormida, esse efeito pode ser ainda mais intenso.

Além disso, a cafeína não dispensa a importância do sono de qualidade. Muito café pode mascarar o cansaço, mas não “substitui” boas noites de sono, que são essenciais para todos os processos cognitivos, criatividade, memória e bem-estar emocional.

Descafeinado funciona?

E o café descafeinado, seria uma alternativa para quem gosta do sabor, mas não quer o estímulo? Infelizmente, não: o café descafeinado contém quantidades mínimas de cafeína e não produz o mesmo efeito no foco ou no estado de alerta. Para quem é apaixonado pelo ritual do café, o descafeinado pode ser uma boa opção à noite ou para quem tem restrição médica, mas não vai trazer aquele “pique” extra.

O chá: foco calmo e benefícios além da cafeína

O que muita gente não sabe é que o chá pode ser uma escolha ainda melhor para foco e produtividade – especialmente para quem busca concentração sem ansiedade.

Enquanto o chá também contém cafeína (embora geralmente em doses menores que o café), ele tem um diferencial: a presença de um aminoácido chamado L-teanina. A L-teanina atua diretamente no cérebro promovendo relaxamento sem causar sedação, diminuindo os efeitos ansiosos da cafeína.

Diversos estudos sugerem que a combinação de cafeína e L-teanina, naturalmente presente no chá, proporciona um estado conhecido como “foco calmo”: concentração sustentada, mais clareza mental e menos agitação. A L-teanina atua especialmente na chamada “rede de modo padrão” do cérebro, relacionada ao pensamento criativo, foco profundo e também ao estado de relaxamento durante tarefas exigentes.

Tipos de chá e suas propriedades

Todos os chás verdadeiros – verde, preto, branco, oolong e até puerh – vêm da mesma planta: Camellia sinensis. O que muda são os processos de colheita, fermentação e secagem, que influenciam o sabor e a quantidade de cafeína e L-teanina.

  • Chá verde: Tem propriedades antioxidantes e costuma apresentar equilíbrio entre cafeína e L-teanina.
  • Chá preto: Tem mais cafeína, bom para um impulso de energia, mas também contém L-teanina.
  • Chá branco: Suave, com menos cafeína e quantidade interessante de L-teanina.
  • Oolong: Meio termo entre verde e preto, oferece sabor marcante e um bom perfil de ambos os compostos.

De maneira geral, qualquer um desses pode contribuir para foco e clareza mental, variando conforme preferência de sabor e intensidade de energia desejada.

E para quem não gosta de chá?

Quem não é fã de chá pode recorrer à L-teanina como suplemento isolado. A dose geralmente recomendada para foco e benefícios cerebrais está entre 60 e 100mg por dia, podendo ser combinada (sob orientação profissional) com cafeína para otimizar resultados.

Vale lembrar que a L-teanina é considerada segura e seu uso não está associado a efeitos adversos relevantes, mas, como qualquer novo suplemento, é importante consultar um profissional de saúde, especialmente em caso de gestantes ou pessoas com condições clínicas especiais.

O papel de uma rotina equilibrada

De nada adianta recorrer ao café ou ao chá se os outros pilares da saúde não recebem atenção. Uma alimentação balanceada – rica em vegetais, frutas, proteínas de qualidade e grãos integrais – hidratação adequada e uma rotina de sono regular são indispensáveis para garantir energia e foco duradouros.

Além disso, pequenas pausas, exercícios físicos regulares e técnicas de gestão do estresse (como respiração, meditação ou mindfulness) potencializam o estado de alerta e produtividade, sem depender só dos estimulantes.

Em resumo: mito ou verdade?

Não é mito: O café realmente pode ajudar a melhorar o foco graças à cafeína. No entanto, o chá, pela presença da L-teanina, tende a oferecer um foco mais estável, calmo e sustentável, com menos risco de ansiedade ou queda abrupta de energia.

Seja qual for o seu preferido, tente consumir as bebidas com consciência do seu próprio corpo e limite. E lembre-se: foco de verdade é resultado da soma de bons hábitos, autocuidado e equilíbrio – não só da próxima xícara.

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Fontes:

Smith, A. (2002). Effects of caffeine on human behavior. Food and Chemical Toxicology, 40(9), 1243–1255.

Einöther, S. J., & Giesbrecht, T. (2013). Caffeine as an attention enhancer: reviewing existing assumptions. Psychopharmacology, 225, 251–274.

Kimura, K., Ozeki, M., Juneja, L. R., & Ohira, H. (2007). L-theanine reduces psychological and physiological stress responses. Biological Psychology, 74(1), 39-45.

Por Marcelo Saddi

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